O cérebro é o quartel general de um complexo sistema que é o nosso corpo. Apesar das inúmeras descobertas na área da neurologia, psiquiatria, ciências sociais e básicas, ainda se trata do nosso orgão mais desconhecido e enigmático.
Este blog é escrito por médicos da área da Psiquiatria com o objetivo de dar a conhecer alguns factos interessantes sobre a mente humana.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Porque é que o tabaco é tão viciante?

O vício do tabaco não só é uma questão de hábitos. São vários os fatores que levam a que esta substância seja tão consumida em todo o mundo. Desde já a relativa ausência de efeitos desagradáveis aquando do seu consumo, leva a que não haja uma aversão ao cigarro. Outra razão é a rápida chegada da nicotina (substância ativa do tabaco) ao cérebro quando fumada. Os nossos pulmões são altamente irrigados, sendo a parede dos alvéolos altamente permeável, proporcionando uma porta de entrada de excelência para a corrente sanguínea. A nicotina atua diretamente no sistema de recompensa do cérebro, levando à libertação de dopamina (hormona do prazer). Com a rápida chegada da nicotina ao cérebro, este associa com maior facilidade o ato de fumar à sensação de prazer e reforça o comportamento.
A constituição do maço de cigarros não é inocente. O tempo que os recetores da nicotina do cérebro levam até estarem completamente ocupados é exatamente o mesmo tempo que dura um cigarro e, depois de ocupados, levam cerca de 45 minutos até “dar de si” ou seja, até comunicarem ao cérebro que falta ali qualquer coisa. Tendo em conta que cada maço de cigarros tem 20 cigarros e que uma pessoa passa cerca de 16 horas acordada, é fácil perceber que o maço, está engenhosamente desenhado para suprir as “necessidades” do fumador e assim perpetuar o consumo.
Assim, não é estranho que o tabaco seja das substâncias que mais dependência cria, como mostra a tabela.

Probabilidade de se tornar dependente após a primeira experiência
Tabaco
32%
Heroína
23%
Cocaína
17%
Álcool
15%
Estimulantes
11%
Ansiolíticos
9%
Canábis
9%
Analgésicos
8%
Inalantes
8%

(adaptados de Stahl, 2013)

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